No dia 10 de Março de 2023, os elementos da PSP destacados para o Ministério da Justiça, em resposta à manifestação convocada para essa tarde pelo grupo Vozes de Dentro, impediram o acesso ao hall de entrada do edifício ministerial a três trabalhadores do Fumaça (Bernardo Afonso, identificado com a CP 7698; Nuno Viegas, identificado com a CP 7864; e Joana Batista, que captava fotografia e vídeo).

Os agentes foram informados de que a equipa de reportagem tencionava estar no hall de entrada para acompanhar a entrega de uma carta endereçada à Ministra da Justiça por dois representantes do protesto. O acesso foi bloqueado, sem qualquer explicação, independentemente de ser ou não captado som e imagem, e de entrar apenas um ou todos os elementos da equipa.

Já com a entrega da carta a decorrer, os jornalistas no local pediram explicações ao elemento policial responsável, João Ramos, para restringir o direito de acesso de jornalistas a um local de acesso público. Afirmou: “É privado [o Ministério]. Por isso é que à porta dos ministérios tem uma porta transparente. Todos. Pode filmar o que quiser, agora daquelas portas para dentro, meu caríssimo, não pode. Por isso você há de reparar: todas as portas dos ministérios são assim transparentes. Precisamente por causa disso.”

Segundo o relato dos jornalistas, o elemento da PSP foi questionado sobre a legislação que impedia o acesso, e apenas respondeu: “Ouça, eu, as leis, olhe, é a Constituição, é o Penal, é o Código Penal. Acha que eu sei isso tudo de cor?”. Após ir ao interior do Ministério, falar com alguém que não identificou, encerrou a conversa: “Só com autorização do gabinete aqui do Ministério, e eles não autorizam. Já está fora da nossa jurisdição. Daí aquela parte de eu lhe dizer que isto está agora tudo com vidros. Podem filmar daqui, podem fazer o que quiserem. Aqui fora. Agora, dentro, não.”

O Fumaça tentou, nos dias seguintes, obter uma posição do Ministério da Justiça sobre o impedimento de que os seus jornalistas foram alvo. O gabinete do ministro respondeu assim: “O Espaço Justiça, no piso 0 do Ministério da Justiça, é um espaço público de acesso livre a todos os cidadãos. Contudo, este Ministério reserva-se o direito de autorizar a recolha de imagens no interior daquele espaço. Na situação referida, o gabinete apenas foi confrontado com um pedido de recolha de imagens o que efetivamente não foi autorizado.”